Linha de Pesquisa 2 - Pensamento Filosófico na Amazônia
A Linha 2, intitulada "Pensamento Filosófico na Amazônia", se destaca como um espaço de pesquisa inovador e crucial na exploração do rico e muitas vezes subestimado universo filosófico que emerge da região amazônica. Neste contexto, buscamos apresentar uma proposta de pesquisa que se insere nesse contexto desafiador e promissor, destacando a relevância e o impacto dessa linha de investigação. Na busca por compreender as sociedades das terras baixas americanas, há muito deparou-se com um pensamento elaborado e de extrema sofisticação. Esse pensamento se desenvolve a partir de categorias que denotam um nível superior de organização religiosa, social, política e também filosófica. Essa riqueza de expressão e elaboração renova-se constantemente, acompanhando o dinamismo social dos coletivos que habitam essa vasta região. Desde meados do século XX, povos originários da Amazônia têm empreendido iniciativas notáveis de registro e problematização de suas próprias epistemes. Estes esforços revelam sistemas de classificação, repertórios conceituais e fórmulas que desafiam as categorias ontológicas previamente estabelecidas. Essa abordagem busca transcender a tradicional divisão entre natureza e cultura no ato de conhecer, rompendo com paradigmas epistemológicos modernos. No Brasil, o perspectivismo ameríndio, com contribuições significativas de autores como Eduardo Viveiros de Castro e Eduardo Kohn, nos leva a pensar em ontologias que abrigam múltiplas naturezas, todas ancoradas em mitologias próprias das sociedades americanas. Essa perspectiva convida a um olhar crítico sobre as categorias filosóficas tradicionais e os processos de construção do conhecimento, muitas vezes imbuídos de preconceitos coloniais. Este movimento decolonial coloca em xeque o cânone ocidental e as marcas da colonização nas sociedades colonizadas. Enfatiza a importância de valorizar as diversas epistemes, questionando o universalismo do pensamento humano e denunciando os epistemicídios cometidos ao longo da história da colonização. Nossa disciplina busca, como objetivo geral, examinar o contexto de formação do movimento decolonial, suas argumentações, vertentes, métodos e processos. Além disso, temos o propósito de identificar o posicionamento da Filosofia em relação a essas teses no contexto acadêmico atual. Acreditamos que, ao promover essa reflexão, podemos contribuir para uma abordagem mais inclusiva e crítica do pensamento filosófico na região amazônica, respeitando e valorizando as perspectivas ontológicas diversas que dela emergem.