Projetos de Pesquisa
Quando o Homo Economicus vai às compras: um esboço de uma filosofia dos mercados.
Coordenador: Prof. André Nascimento Pontes
O presente projeto de pesquisa tem por objetivo propor um esboço de uma filosofia dos mercados a partir de uma perspectiva metodológica da filosofia analítica e de uma avaliação crítica da hipótese do homo economicus. Este esboço deve estar situado no âmbito mais geral da filosofia da economia e, consequentemente, deve compreender questões de natureza ontológica, de filosofia da ciência/epistemologia e de ética sobre os fundamentos econômico das trocas comerciais. O projeto possui uma dupla justificativa. Em primeiro lugar, ele se justifica a partir da relevância do fenômeno dos mercados para constituição e compreensão da sociedade e da economia de mercado em que vivemos. Em segundo lugar, dada a escassez de textos de filosofia analítica da economia produzidos em língua portuguesa, penso que a proposta aqui presente tem o potencial de, pelo menos parcialmente, cobrir algumas lacunas editorais.
Vitalismo e Psicanálise: uma abordagem histórico-epistemológica sobre a filosofia da psicanálise
Coordenador: Prof. Caio Augusto Teixeira Souto
O projeto busca consolidar o grupo de pesquisa em atuação em epistemologia histórica da psicanálise. Mediante a investigação da história da psicanálise e suas implicações teóricas, especialmente com enfoque no vitalismo, busca-se revitalizar a filosofia psicanalítica no contexto contemporâneo. A epistemologia histórica de Georges Canguilhem será a estratégia metodológica utilizada para aprofundar a compreensão e a prática da psicanálise sob uma perspectiva dinâmica e contextualizada. O presente grupo de pesquisa de caráter interinstitucional, composto por membros experientes em filosofia, psicanálise e áreas afins, continuará trabalhando colaborativamente para explorar a trajetória histórica da psicanálise, desde seus primórdios no século XIX até suas transformações no século XXI.Especial atenção será dada, na continuidade, às influências da ciência e da filosofia vitalista, buscando elucidar como tais abordagens podem enriquecer a compreensão e a prática da psicanálise na sociedade contemporânea. A relevância do projeto reside na necessidade de fornecer um suporte teórico atualizado à psicanálise freudiana, visando superar a abordagem reativa e normalizadora que, por vezes, caracterizou a clínica freudiana, promovendo uma visão mais integradora e adaptada à complexidade da vida psíquica contemporânea. Neste caso, a questão central deste projeto consiste em compreender como a epistemologia histórica, em consonância com as formulações de Georges Canguilhem, pode lançar luz sobre a evolução da psicanálise e como a abordagem vitalista pode contribuir para uma prática psicanalítica mais dinâmica e contextualizada. Antecipamos que algumas evidências indicam que, embora velada, a história da psicanálise está intrinsecamente relacionada ao desenvolvimento da ciência e da filosofia vitalista, e que essa perspectiva pode ser valiosa para aprimorar a compreensão dos processos terapêuticos.
Tecendo saberes: expressões culturais afro-indígenas na Amazônia: religião, comunicação popular, saúde e antropologia em diálogo
Coordenador: Prof. Caio Augusto Teixeira Souto
Explorar as expressões culturais das comunidades de origem afro e indígenas na região amazônica. O enfoque é direcionado para as interseções entre a religião, a comunicação popular, a medicina e a antropologia, reconhecendo a importância desses elementos na preservação e compreensão das ricas tradições culturais. Mapeamento Religioso: Investiga e documenta as práticas religiosas afro e indígenas presentes em comunidades amazônicas. Analisa as convergências e divergências entre as vivências tradicionais, examinando a forma como influenciam as estruturas sociais, a concepção de saúde e as identidades culturais. Comunicação Popular: Estuda as formas de comunicação popular (Folkcomunicação) utilizadas por essas comunidades para preservar e transmitir conhecimentos, mitos e valores. Explora o papel dos meios de comunicação locais na promoção e preservação das tradições culturais afro e indígenas. Medicina Tradicional: Analisa as práticas de medicina tradicional das comunidades, considerando suas percepções sobre saúde, doença e bem-estar. Examina a interação entre as práticas medicinais tradicionais e os sistemas de saúde contemporâneos na região. Abordagem Antropológica: Realiza pesquisa etnográfica para compreender as dinâmicas sociais, econômicas e culturais das comunidades em estudo. Analisa o impacto das mudanças históricas e contemporâneas nas estruturas culturais, identidades e concepções de saúde das populações afro e indígenas. Diálogo Interdisciplinar: Propõe o diálogo entre as comunidades locais, pesquisadores e organizações sociais para promover uma compreensão mais profunda e respeitosa das diferentes culturas, incluindo suas abordagens à saúde. Desenvolve estratégias para fortalecer a preservação cultural, promover a inclusão e melhorar a colaboração entre as práticas tradicionais e os sistemas de saúde convencionais.
História da filosofia e autonomia de pensamento
Coordenador: Prof. Carlos Rubens de Souza Costa
Este projeto toma como ponto de partida um debate já consagrado, que coloca em campos opostos o aprender a filosofar e a história da filosofia e que teria entre seus principais expoentes Kant e Hegel. O que se coloca em relevo de Kant, na maioria dos trabalhos que tomam parte nesse debate, é a proposição feita por ele em um curso do semestre e inverno de 1755-1756. Segundo o professor de Königsberg, expressamente nesse programa, o entendimento é o primeiro aspecto a ser desenvolvido pelo professor de filosofia, e isso não se faz por meio do aprendizado de pensamentos, mas aprendendo ?a pensar?. Segundo ele, o professor deveria desenvolver no seu aluno, ?em primeiro lugar, o homem de entendimento, depois, o homem de razão, e, finalmente, o homem de instrução?. Ou seja, a filosofia não deveria torná-lo mais inteligente para a escola, mas ?para a vida?. (KANT, Immanuel. ?Anúncio do Programa do Semestre de Inverno de 1765-1766?. Fragmento retirado da colectânea de textos Theoretical Philosophy, 1755-1770 (edição de David Walford e Ralf Merbote, Cambridge University Press, 1992), pp. 2:306-7. Disponível em: http://criticanarede.com/fil_ensinarpensar.html. Acessado em 17/02/2015). De Hegel, em geral, ressalta-se a especial atenção conferida por ele à história da filosofia quando se trata de demonstrar como se constrói o pensamento filosófico. Expressando seu posicionamento, de um modo resumido, em sua Propedêutica filosófica, Hegel afirma, à página 367, que a ?exigência habitual num ensino introdutório da filosofia é que se deve começar pelo existente e, a partir daí, levar a consciência para mais alto, para o pensamento? (HEGEL, G.W.F. Propedêutica filosófica. Tradução Artur Mourão. Lisboa: Edições 70, 1989). Sobre esse debate, a posição assumida neste projeto é a de que tal contraposição entre o ensinar a filosofar e a história da filosofia é aparente, a não ser que se conceba a história da filosofia como uma erudição vazia, um conhecimento enciclopédico estranho à vida dos estudantes.A partir desse posicionamento, o objetivo desta pesquisa consistirá em explorar as correlações recíprocas entre a história da filosofia e o ensinar a filosofar. Em termos específicos, pretende-se: 1. Investigar o tipo de ensino de filosofia em especial a concepção de história da filosofia que dá lugar à crítica de Kant ao seu uso como mero ?aprendizado de pensamentos? e à mudança na noção de história do pensamento em Hegel. 2. Discorrer sobre a noção de tempo e de história em Kant em correlação com o modo como ele concebe o aprendizado. 3. Expor acorrelação, em Hegel, entre pensamento e história tanto do ponto de vista da produção do pensamento, quanto de sua transmissão. 4. Debater métodos de leitura da história da filosofia e a sua legitimidade para o ensino da filosofia. 5. Verificar diferentes textos clássicos como exemplos do modo filosófico de propor questões e solucionar problemas. Na história da filosofia os alunos encontram modelos privilegiados do modo como a filosofia propõe e soluciona problemas, destarte, encontram também o desafio de tomar parte nos debates gerados pelo confronto entre as diferentes soluções e modelos apresentados, tornando-se o ponto de chegada do aluno a tomada de posição e o desenvolvimento de argumentos próprios para defender suas perspectivas, em última instância, o aprendizado do filosofar a partir do conhecimento da tradição filosófica. O desdobramento do projeto ocorrerá em duas frentes correlacionadas entre si. Uma primeira que consiste em explorar as diferentes concepções de história da filosofia, em especial de Kant e de Hegel, e os debates sobre a legitimidade de seu estudo. Uma segunda que compreende ouso experimental de textos filosóficos em sala de aula com o propósito de avaliar modos de leitura de textos filosóficosque viabilizem a ideia do filósofo como mestre para o pensar filosófico autônomo.
Práticas e Teorias da Poética na Grécia Antiga: de Parmênides a Aristóteles
Coordenador: Prof. Fernando José de Santoro Moreira
Projeto de cooperação internacional entre o Grupo de Pesquisa do Laboratório OUSIA: Estudos em Filosofia Clássica (registrado no DGP do CNPq) com outros quatro centros de pesquisa brasileiros em filosofia antiga e o Centre Léon Robin da École Normale Supérieure / Universidade de Paris IV para pesquisar as origens da Filosofia ocidental. Para além de uma perspectiva histórico-filosófica limitada aos fatos, personagens e escolas, o projeto visa refletir sobre as transformações operadas no plano da linguagem, para propiciar os modos discursivos e cognitivos originais da Filosofia ocidental. A visada se abre não para as doutrinas ou as proximidades pessoais (no tempo e no espaço), mas antes para as formas, os gêneros e as estratégias de discurso. A compreensão de que a filosofia se origina em meio a experiências sapienciais, pelas formas tradicionais de poesia, como a épica, e pelas novas formas que surgem nos séculos sexto e quinto antes de Cristo, como a comédia e a tragédia, determina uma atenção especial para os gêneros literários com suas estratégias retóricas e poéticas de expressão. Objetivos do Acordo: 1. Estreitar os vínculos de pesquisa, discussão e produção filosóficas entre os pesquisadores dos laboratórios franceses Centre Léon Robin e "E.A. 4081 Rome et ses renaissances" (Univ. Paris-Sorbonne-Paris IV e École Normale Supérieure) e dos laboratórios brasileiros OUSIA (UFRJ), NFA (UFF), NOESIS (UERJ) e ARCHAI (UnB), em torno de ações comuns tais como: reflexão sobre temas de história da filosofia antiga, realização de eventos, edição de revistas especializadas, publicações de livros e artigos, produções artístico-educativas. 2. Formar quadros (pesquisadores doutores e pós-doutores) capazes de tratar filosófica e filologicamente os textos dos filósofos antigos no mais alto nível científico e acadêmico. Procurar estabelecer co-tutelas para os doutorandos e linhas de continuidade em suas pesquisas. 3. Pesquisar as teorias e as práticas das formas de expressão sapiencial antigas, particularmente suas reflexões voltadas sobre a poética e as teorias do conhecimento. Investigar e discutir a repercussão das diversas influências discursivas na filosofia: epopeias cosmogônicas, discursos dramáticos, disputas forenses; como também permitir apreender a originalidade das novas experiências filosóficas: o poder do argumento, a universalização conceitual, a sintaxe categorial etc. Destacar a recepção dos filósofos antigos ao longo da história e suas contribuições para o mundo atual. 4. Produzir aparato crítico, traduções e reflexões filosóficas sobre os textos de filósofos antigos e suas fontes. Publicar e divulgar, por meios impressos e hipertextuais os textos-base e toda a produção em torno deles, especialmente as traduções.
Dicionário dos Intraduzíveis : Criando Léxicos Filosóficos
Coordenador: Prof. Fernando José de Santoro Moreira
O projeto de pesquisa e cooperação internacional INTRADUZÍVEIS EM TRADUÇÃO : vetores conceituais e linguísticos na história da filosofia ? desenvolve a base teórica da investigação sobre problemas relativos aos efeitos de traduções de obras filosóficas (e seus conceitos) ao longo da história e visa produzir instrumentos para tradução de obras filosóficas e para compreender seus problemas do ponto de vista das transformações conceituais operadas pelas traduções. O projeto teórico associa-se ao projeto editorial internacional ?Dicionários dos Intraduzíveis?, coordenado por Barbara Cassin, especialista em filosofia clássica. O primeiro resultado, o Vocabulaire Européen des Philosophies, publicado sob sua direção em 2004, tornou-se uma obra aberta, agora traduzida e desenvolvida com equipes de diferentes países. O trabalho é o resultado de uma pesquisa sobre a diversidade das filosofias, tal como são feitas em línguas e através das línguas, explorando as transferências de ideias onde as palavras e expressões mostram sua diferença não como um obstáculo, mas como um dispositivo criativo para o pensamento. O estatuto filosófico do projeto propõe investigar não apenas a transposição de conceitos para outra língua, mas sua reconfiguração, tendo em vista a mudança da língua de recepção e explicação dos termos e expressões. Etapa 2019-2023: tradução e adaptação do Vocabulaire Européen des Philosophies para o português (paralelo a projetos de tradução para o inglês, espanhol, persa, árabe, grego, ucraniano etc.). Esta etapa prevê a tradução e adaptação do VEP e a publicação do segundo volume da versão brasileira (Dicionário dos Intraduzíveis), seminários com participação de autores e tradutores de diversos países, publicação de livros e artigos bilíngues e um programa de cooperação internacional (Capes/PRINT) como Professor Visitante Sênior em Oxford Brookes University.
Panta ta zoia: estudos sobre a origem e o estatuto da vida na física pré-clássica
Coordenadora: Profa. Ivanete Pereira
O projeto tem como objetivo mapear hipóteses e postulados sobre a origem e o estatuto da vida na física pré-clássica, do marco da filosofia da natureza estabelecido por Aristóteles, com Tales de Mileto (VII-VI AEC), ao atomismo democritiano (IV AEC). Fragmentos e testemunhos que remanesceram desse legado indicam a preeminência de abordagens não antropocêntricas de questões sobre a vida (bíos e zoé), viés que se buscará pôr em evidência, ao longo da pesquisa.
Recepção e transposição do constructo do feminino em Platão
Coordenadora: Profa. Jovelina Maria Ramos de Souza
O Projeto de Pesquisa Recepção e transposição do constructo do feminino em Platão pretende retomar as teses predominantes na discursividade de Platão acerca da diferença de gênero. Sua abordagem sobre a natureza feminina e masculina, se concentra em dois indicadores, o da diferença e o da semelhança entre homens e mulheres. Pretendo mostrar como Platão retoma Heráclito e Parmênides, para pensar a construção do feminino sob o signo da diferença entre sexos. A ideia é observar como Platão recepciona e transpõe os discursos da primeira geração de filósofos, nos diversos modos de representações do feminino na escrita de diálogos com questionamentos distintos entre si, mas sustentados por um eixo em comum, a diferença de gênero. A intenção é apontar como uma análise atenta dos fragmentos 17 e 18 de Parmênides é marcante e delimitadora para entender a própria orientação sexual no mundo grego, após a inserção do discurso filosófico no processo de formação da cidade e dos cidadãos. A proposta é pensar por distintas vias interpretativas, seja a tese da diferença entre o feminino e o masculino, nos diálogos Banquete, Timeu, Mênon e Político, seja a tese da semelhança da natureza de homens e mulheres, em República V. Pretendo resgatar ainda os Fr. 8 e 62 de Heráclito, para propor que a tese da imortalidade no corpo, esboçada por Sócrates no Banquete, em sua alusão aos ensinamentos recebidos por Diotima de Mantineia, parece buscar suas fontes no princípio heraclitiano envolvendo o mortal e o imortal..
O colonialismo como teoria da modernidade
Coordenador: Prof. Leno Francisco Danner
Este projeto possui um triplo objetivo, a saber, primeiro, reconstruir discursos filosófico-sociológicos e autocompreensões normativas das teorias da modernidade europeia relativamente ao processo de modernização ocidental, especialmente as teorias da modernidade de Max Weber e de Jürgen Habermas; segundo, desenvolver minha crítica de que essas teorias da modernidade sofrem seja de uma cegueira histórico-sociológica, seja, a partir daqui, de uma romantização político-normativa do racionalismo ocidental, que as levam a conceber a modernidade europeia como autêntico, reto e direto universalismo-globalismo, diferenciando-a de todo o resto das sociedades-culturas e colocando-a, nesse modelo normativo-institucional estilizado, como a condição da crítica, da reflexividade e da emancipação; terceiro, trazer para o centro do discurso filosófico-sociológico da modernidade o colonialismo como teoria da modernidade que correlatamente desvela-crítica a correlação de cegueira histórico-sociológica e de romantização político-normativa do racionalismo ocidental e traz para o centro do discurso filosófico-sociológico sobre a modernidade a voz-práxis dos contextos socioculturais e dos sujeitos epistemológico-políticos periferizados pela modernização.
Tendências teórico-políticas contemporâneas acerca do Estado: sobre a reconsideração do Estado de bem-estar social
Coordenador: Prof. Leno Francisco Danner
Busca-se investigar, com este projeto, tendências teórico-políticas contemporâneas no que tange ao papel do Estado de bem-estar social em suas funções interventoras (frente à economia) e compensatórias (frente à sociedade civil), de modo a salientar-se problemas a serem enfrentados e possíveis soluções a serem tomadas. Com isso, revisitar-se-á o clássico confronto entre direita e esquerda no que diz respeito à relação entre Estado, sociedade civil e economia, atualizando-o a partir da dinâmica social, política, cultural e econômica contemporânea.
A Teoria da Punição no Górgias de Platão
Coordenadora: Profa. Maria do Socorro da Silva Jatobá
A pesquisa consiste na investigação do conceito de punição a partir da compreensão da prática como uma espécie de medicina da maldade, seu caráter pedagógico e o enquadramento ético da prática. Seria possível inseri-la no âmbito ético se punir, de algum modo, implica infligir sofrimento sobre alguém, nesse caso, o agente que praticou o ato que levou à punição?
Projeto Embiara: Cosmologias, redes ecológicas e técnicas na Amazônia indígena
Coordenador: Prof. João Paulo Lima Barreto
O Projeto é desenvolvido pelo Núcleo de Estudo da Amazônia Indígena - NEAI/PPGAS/UFAM. A partir de uma abordagem antropológica, o projeto Embiara propõe um estudo das técnicas de manejo e transformações vegetais imbricados nas cosmologias locais. Em franco diálogo com a arqueologia e a ecologia, o projeto visa abordar histórias de longa duração destas técnicas e transformações, e investigar as comunidades de plantas e animais emaranhadas aos humanos nas paisagens culturais amazônicas. Seu desenvolvimento se dará de modo multisituado, isto é, entre distintos grupos de diferentes paisagens etnográficas da Amazônia, dentre eles: Sateré-Mawé (Baixo Amazonas), Baniwa, Tuyuka, Tukano e Desana (Alto Rio Negro), Matsigenka (Urubamba), Kaxuyana, Tunayana e Kahiana (Trombetas), grupos em isolamento voluntário (Katawixi e Juma) do Médio Purus, Enawene-Nawe (Juruena/Tapajós) e algumas comunidades tradicionais de Borba (Baixo Madeira) e Rio Preto da Eva. A equipe do projeto é formada, majoritariamente, por pesquisadores, professores e alunos de Mestrado, doutorado e Pós-doutorado, do Núcleo de Estudos da Amazônia Indígena (NEAI), da Universidade Federal do Amazonas.
Palavras que Transformam: as artes verbais e novas formas de sociabilidades entre os Pamuri Mahsã do noroeste amazônico.
Coordenadora: Profa. Marilina Conceição Oliveira Bessa Serra Pinto
Os programas de ações afirmativas voltados às minorias étnicas, adotados pelas universidades brasileiras durante as últimas décadas trouxeram avanços qualitativos para o conhecimento acadêmico, sobretudo nos cursos de pós-graduação, visto que estes sujeitos potencializaram o debate sobre questões epistemológicas novas e categorias de pensamento formuladas a partir de processos de apreensão e transmissão distintos dos regimes conceituais da cultura ocidental adotados pela Academia. Essa pesquisa tem por objetivo analisar os modos de produção e os resultados das teses defendidas por Barreto, J.P. (2022); Rezende (2023) e Barreto, J.R. (2022), antropólogos indígenas do noroeste amazônico, cujas contribuições para a etnologia do Alto Rio Negro são indubitáveis, tanto pela atualização dos elementos constituintes da estrutura da tradição, como pela aproximação conceitual com a sociedade não indígena, tomando como base o saber antropológico, sobre o qual, essas interações refletem novas formas de sociabilidades resultantes do protagonismo intelectual de seus autores. Utilizaremos como aporte teórico, os trabalhos de Viveiros de Castro (2012); Carneiro da Cunha (2017); Andrello (2010); Hugh-Jones (2016), entre outros. A metodologia da pesquisa será de caráter qualitativo e se apoiará tanto na exploração analítica das obras em tela, amparando-se na simetrização antropológica e seguindo o percurso do exercício de reflexividade indígena empreendido por esses agentes na incursão ao corpus mitológicos, constituintes das artes verbais dos seus grupos de origem.
Em busca de uma filosofia da arte dos povos originários
Coordenador: Prof. Theo Machado Fellows
O presente projeto de pesquisa tem por objetivo investigar as possibilidades de aplicação dos conceitos artísticos e estéticos oriundos do pensamento ocidental em objetos produzidos por culturas não-ocidentais, com foco especial nos povos originários da Amazônia. Embora os conceitos de arte e beleza sejam comumente empregados para classificar artefatos e performances destes povos tradicionais, a pertinência destes valores para estas culturas é, no mínimo, questionável. Longe de querer desvalorizar estas manifestações, a pesquisa aqui proposta pretende questionar a universalização destes conceitos ocidentais, buscando outras formas de abordagem estética e filosófica para estas produções culturais. Com isto, pretendemos não somente evitar um olhar que projete nossas próprias categorias sobre outras culturas, como também buscaremos enriquecer nossos próprios olhares sobre a arte e sobre a estética, olhares estes também contaminados por pressupostos eurocêntricos que não condizem com nossa realidade amazônica e brasileira.
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